A Subcomissão Temporária para Acompanhamento dos Preparativos da COP30 realizou ontem, 15 de julho de 2025, uma audiência pública para discutir os avanços na organização da 30ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, que ocorrerá em Belém, no Pará, em novembro. O encontro contou com a participação do secretário extraordinário da COP30, Valter Correia, e da embaixadora Lilian Chagas, diretora de Clima do Ministério das Relações Exteriores.

Conduzida pela senadora Leila Barros (PDT-DF), a reunião teve como foco apresentar as principais ações em curso nas frentes diplomática, logística e de infraestrutura. A senadora destacou o papel do Parlamento no acompanhamento do processo e na garantia da transparência e participação social.

Durante sua exposição, Valter Correia detalhou os preparativos em áreas como hospedagem, mobilidade urbana, conectividade, segurança, alimentação e saúde. Segundo ele, Belém já registra impactos positivos, como o aumento do turismo e investimentos em obras que deixarão um legado permanente para a região. O secretário também anunciou que a pré-COP será realizada em Brasília, nos dias 13 e 14 de outubro, e que a Cúpula de Líderes Mundiais ocorrerá nos dias 6 e 7 de novembro, antecedendo o início oficial da conferência.

Uma das principais preocupações debatidas foi a escassez e os altos custos da hospedagem em Belém. Correia afirmou que o governo federal, em articulação com o governo do Pará, tem negociado com hotéis, proprietários de imóveis e operadoras turísticas para garantir preços acessíveis, especialmente para países em desenvolvimento e pequenas nações insulares. Entre as soluções estão novos hotéis, navios de cruzeiro atracados no porto de Outeiro, imóveis privados e até instalações militares.

A embaixadora Lilian Chagas enfatizou o papel histórico do Brasil nas negociações climáticas e apontou que a COP30 será uma oportunidade para reforçar o multilateralismo e consolidar soluções concretas em mitigação, adaptação e financiamento climático. Ela lembrou que o país tem sido protagonista na agenda ambiental desde a Rio-92 e destacou os desafios atuais para garantir o financiamento climático público e concessional por parte dos países desenvolvidos.

Também foi debatida a inclusão de povos indígenas, comunidades tradicionais e da sociedade civil nas negociações e na programação paralela da conferência. A embaixadora ressaltou que o Brasil tem buscado ampliar a participação desses grupos, inclusive com formações específicas e iniciativas como o curso de negociação climática promovido pelo Ministério dos Povos Indígenas.

O encontro foi encerrado com a aprovação de requerimento para que membros da subcomissão realizem diligência externa a Belém nos dias 18 e 19 de agosto, com o objetivo de acompanhar presencialmente os preparativos para a conferência.

A expectativa dos parlamentares é de que a COP30 coloque o Brasil no centro das negociações climáticas globais, com protagonismo na defesa de soluções sustentáveis e justiça climática.