O Plano Decenal de Expansão de Energia 2035 (PDE 2035), elaborado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) e pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), não apenas antecipa o crescimento do consumo de eletricidade no Brasil, mas também detalha quais setores serão os maiores responsáveis por esse aumento. Com uma taxa de crescimento média de 3,3% ao ano, o estudo indica que o consumo de energia no Brasil será fortemente impulsionado pelas classes residenciais, industriais e comerciais, com algumas mudanças significativas em cada um desses setores.
O PDE 2035 projeta que o consumo total de eletricidade no Brasil atinja 842 TWh até 2035 no cenário de referência, com um aumento médio anual de 3,3%. No entanto, os novos setores como veículos elétricos e data centers, combinados com o crescimento tradicional de consumo residencial, industrial e comercial, trarão uma mudança estrutural no sistema elétrico brasileiro, exigindo adaptações em termos de infraestrutura e de capacidade de geração de energia.
Consumo de eletricidade em diferentes setores
O setor residencial deverá continuar a expandir seu consumo, com um crescimento médio de 3% ao ano. Isso é reflexo do aumento no número de unidades consumidoras e do uso crescente de equipamentos eletrônicos e tecnologias de climatização, como ar-condicionado, que continuam a ser cada vez mais comuns nas residências brasileiras.
Até 2035, o consumo residencial total no Brasil deverá atingir 254 TWh, um aumento considerável impulsionado principalmente pela expansão urbana e pelo aumento da renda das famílias.
Já no setor industrial, as previsões apontam um crescimento mais modesto no consumo de energia. O consumo industrial total na rede elétrica deve chegar a 272 TWh em 2035, com um aumento de 2,8% ao ano. No entanto, há uma diferença importante entre os grandes consumidores industriais, como as indústrias eletrointensivas (metalurgia, petroquímica, celulose), e o setor industrial tradicional, que tende a crescer de forma mais lenta.
As indústrias mais intensivas em eletricidade serão responsáveis pela maior parte desse crescimento, à medida que aumentam a produção e os processos que exigem grande quantidade de energia.
No setor comercial, o crescimento será o mais acelerado entre os três principais setores, com uma taxa média de 4,7% ao ano. A demanda de eletricidade nesse segmento deve atingir 179 TWh até 2035, refletindo a digitalização da economia e o aumento da infraestrutura de TI.
A expansão de data centers, necessária para suportar o crescimento do comércio digital e a transformação digital do país, será um dos principais motores desse aumento. O setor comercial, portanto, deve liderar a expansão da demanda por eletricidade, refletindo a crescente integração das tecnologias digitais no cotidiano das empresas.
Além do consumo tradicional, o PDE 2035 aponta que novas tecnologias e cargas também terão um papel fundamental no aumento da demanda de eletricidade. Embora atualmente ainda representem uma pequena parte do consumo total, veículos elétricos, data centers e hidrogênio verde poderão responder por até 13% da demanda nacional em 2035 no cenário mais otimista.
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A crescente popularização de veículos elétricos e a expansão das infraestruturas de carregamento estarão entre os principais impulsionadores desse aumento. Enquanto isso, os projetos de hidrogênio verde trarão um impacto significativo à medida que o Brasil avança na transição energética.
Esse crescimento da mobilidade elétrica e da infraestrutura digital evidencia uma transição energética acelerada. A eletrificação dos transportes e o aumento da capacidade de processamento e armazenamento de dados demandarão mais energia do que nunca.
O impacto será significativo não apenas nas grandes áreas urbanas, mas também nas zonas mais afastadas, à medida que a infraestrutura de carregamento de veículos e os centros de dados se expandem.
Essas projeções destacam a importância de antecipar os impactos do aumento de consumo nos próximos anos, especialmente no que diz respeito à adaptação da infraestrutura elétrica e ao desenvolvimento de novas fontes de energia, que precisarão ser integradas ao sistema para atender à demanda crescente de forma sustentável e eficiente.
Redação: Pedro Cavalcanti/ Notícias DataPolicy
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