No dia 9 de dezembro de 2025, a Comissão de Viação e Transportes da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência pública para discutir as obras de revitalização da malha ferroviária na Baixada Fluminense, com foco especial no município de São João de Meriti. A reunião reuniu autoridades do Ministério dos Transportes, da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), da MRS Logística, e prefeitos da região, como os de Nilópolis, Nova Iguaçu, Queimados, São João de Meriti, Belford Roxo e Mesquita. O encontro teve como principal objetivo avaliar o andamento das obras e debater os desafios enfrentados pela população local em relação à segurança, mobilidade e infraestrutura ferroviária.
A audiência foi aberta pelo deputado Bebeto (PP/RJ), que destacou os problemas de abandono que ainda afetam a ferrovia na Baixada Fluminense. Ele mencionou que, desde o início de seu mandato como deputado federal, tem buscado pressionar a MRS Logística, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e o Ministério dos Transportes para resolver o abandono da ferrovia, que há mais de 20 anos não recebe investimentos significativos. O deputado criticou o estado precário da infraestrutura ferroviária, especialmente nas áreas de São João de Meriti, como São Mateus, Tomazinho, Éden e Vila Norma, onde, segundo ele, passagens de nível mal sinalizadas e o descarte irregular de lixo colocam em risco a segurança da população local.
Bebeto também ressaltou que a ferrovia é explorada pela MRS Logística, mas que a falta de fiscalização e a ausência de ações concretas por parte das autoridades públicas têm gerado graves problemas, como a ocupação irregular da faixa de domínio ferroviário e o descarte de materiais, incluindo resíduos de animais mortos, nas margens da ferrovia.
A MRS Logística apresentou seu plano de investimentos, que inclui a construção de viadutos, passarelas e melhorias em passagens de nível. A empresa também apresentou o projeto da ciclovia da orla ferroviária, uma iniciativa sustentável que visa promover a mobilidade e melhorar a segurança na região. Com a entrega prevista para 2028, a ciclovia terá aproximadamente 13 quilômetros de extensão e será acompanhada de infraestrutura urbana, como praças, quadras poliesportivas e iluminação pública. A ideia é transformar áreas antes abandonadas em espaços de convivência para as comunidades locais.
Em São João de Meriti, o viaduto rodoviário, uma das obras mais aguardadas, está 99% concluído, com previsão de entrega para janeiro de 2026. Além disso, já foram entregues passagens de pedestres e sinalizações ativas nas áreas mais críticas. A empresa informou que outras obras importantes, como as passagens de nível e a vedação de faixas de domínio, estão em andamento, com a previsão de finalização até 2029.
Durante a audiência, um dos pontos mais debatidos foi a questão da segurança e da fiscalização nas áreas de domínio ferroviário. O deputado Bebeto e outros presentes expressaram preocupações com a presença de moradores de rua e usuários de drogas ao longo da ferrovia, principalmente em áreas como São Mateus, Tomazinho, Éden e Vila Norma. Eles destacaram que a falta de fiscalização tem contribuído para o vandalismo e o furto de material ferroviário, como cobre e ferro, e que as ocupações irregulares ao longo da ferrovia aumentam o risco de acidentes graves.
O Ministério dos Transportes e a ANTT afirmaram que a responsabilidade pela fiscalização da faixa de domínio é compartilhada entre as autoridades locais e a MRS Logística, mas reconheceram que a situação ainda exige mais ações integradas para garantir segurança e ordem. A MRS Logística propôs que a urbanização, aliada à construção da ciclovia, poderia ajudar a combater o descarte irregular de lixo e a ocupação indevida.
A audiência pública terminou com um compromisso de parceria entre as autoridades federais, estaduais e municipais para avançar na revitalização da ferrovia e na solução dos problemas de segurança, mobilidade e urbanização na Baixada Fluminense. Embora os investimentos e as obras de infraestrutura sejam considerados avanços significativos, as autoridades locais e a população ainda esperam maiores ações concretas para resolver questões urgentes, como a fiscalização da faixa de domínio, a removação das ocupações irregulares e o combate ao vandalismo.
Por: Pedro Cavalcanti/ Notícias DataPolicy.
