Toda escolha é uma renúncia. Escolhas erradas, renúncias pesadas

O setor nestes dias está vivendo uma discussão antiga, mas “requentada” e com implicações que fogem ao senso comum.
Cobrança de bagagem é, novamente, o tema da vez.

E, antes dos julgamentos que virão com este texto, preciso reafirmar, presido a associação de aeroportos e não de companhias aéreas. Concorrência no setor, voos mais baratos e mais gente viajando é missão que abraço diariamente e com todas as forças. Portanto, esta não é uma manifestação para prejudicar consumidores, pelo contrário, preciso para trazer a visão de quem quer mais companhias atuando no Brasil.

Há um sentimento (fácil de entender) de que é injusto, em análise perfunctória, medidas que encarecem o que já custa muito.
Mas como abri o texto, para tudo aquilo que existe escolha, existe renúncia.

À primeira vista, é simples e fácil de vender: bagagem de mão gratuita para todos. Proteção ao consumidor. Democracia. Bonito no discurso. Mas aqui vem a parte que ninguém quer ouvir: quando você obriga uma companhia aérea a oferecer algo de graça, ela não absorve o custo por altruísmo. Ela repassa. Estruturalmente. Permanentemente. E quem paga? Exatamente quem o projeto diz proteger: o brasileiro de renda mais baixa que dependeria de tarifas competitivas para voar.

Todo mundo adoraria ter low-cost no Brasil. Quem já viajou entre países pagando 10 euros, sabe bem do que estou falando. Não temos low-cost no Brasil, e se seguirmos com esse projeto, nunca teremos!

Isso porque para uma empresa low-cost, gostemos ou não, poder cobrar pela bagagem é requisito para começar a estudar o mercado.

Legislar não pode ser responder, por conveniência, a senso comum e sem valoração de consequências.
Criar leis é definir escolhas estruturais que definem o futuro de um setor inteiro, de um país inteiro.

Escolhas erradas, renúncias pesadas.
A renúncia aqui é brutal. Ao fechar a porta para modelos de negócio flexíveis, você mata a possibilidade de low-costs operarem no Brasil. E quando as low-costs nem consideram estudar o mercado, desaparece também a concorrência que que pode inovar, reduzir custos, oferecer preços que democratizem o transporte aéreo de verdade. Não é retórica. É matemática.

A ABR não está lutando por companhias aéreas. Está lutando por concorrência. Porque concorrência é o único mecanismo que realmente democratiza um serviço. Quando você legisla contra a flexibilidade tarifária, você não está protegendo o consumidor. Você está condenando o Brasil a um universo de poucos players e suas consequências lógicas.

Legislar é pensar estruturalmente. É entender que escolher errado para a sociedade sob argumento de protegê-la não é proteger, é condenar.

A opinião do autor desta coluna não necessariamente reflete a posição deste editorial. 

Fonte: (26) Publicação | LinkedIn

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