Mesa realizada na COP30 destacou dados sobre o impacto da cadeia da carne bovina no desmatamento global e brasileiro. A apresentação ocorreu na Press Conference 2 e trouxe exposições da organização internacional Global Canopy, no dia 14 de novembro.
Estudo sobre desmatamento ligado à produção de carne bovina no Brasil
Representantes da organização sem fins lucrativos, com foco em interromper e reverter o desmatamento global, Darren McKenzie e Paula Bernasconi, apresentaram dados sobre desmatamento ligado à expansão de pastagens no Brasil e sobre riscos climáticos associados à cadeia da carne.
Segundo McKenzie, “não há rota para o net zero sem enfrentar o desmatamento”, e o gado é o principal motor do desmatamento global. De acordo com os dados apresentados na Press Conference 2, o Brasil responde por 60% do desmatamento global relacionado à formação de pasto.
A organização destacou quatro bases de dados utilizadas para mapear o quê: cadeias produtivas, emissões e políticas de empresas e instituições financeiras. Paula Bernasconi afirmou que a carne bovina é a principal fonte de emissões entre commodities globais e que grande parte dessas emissões está vinculada às exportações. Ela acrescentou que o Brasil é o segundo maior produtor e o maior exportador mundial.
Dados exibidos
De acordo com os dados exibidos, a área de pastagem em terras recém desmatadas cresceu mais de um terço em quatro anos, chegando a 7,5 milhões de hectares em 2023, com expansão concentrada na Amazônia. A região passou a representar cerca de dois terços da conversão recente ligada ao gado. Estados como Pará, Amazonas, Rondônia e Acre concentram grande parte dessa expansão, especialmente ao longo da BR-163.
Taxa de variação anual (%) do desmatamento e conversão para pastagem (2015–2023) nos municípios que representaram 95% da produção de carne bovina em 2023. Quanto maior o valor, maior o aumento do desmatamento recente, de acordo com o estudo Brazilian beef exports and deforestation.
A Global Canopy informou também que empresas e instituições financeiras têm políticas insuficientes para combater o desmatamento na cadeia bovina. Apenas 22% das empresas avaliadas possuem compromissos públicos, e 19% das instituições financeiras têm políticas relacionadas ao tema.
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Municípios no Brasil responsáveis por desmatamento para pastagem de gado
O estudo apresentou que “apenas 61 municípios no Brasil foram responsáveis por 50% do desmatamento para pastagem de gado em 2023” e que “apenas quatro municípios, a saber, Altamira (Pará), Porto Velho (Rondônia), São Félix do Xingu (Pará) e Lábrea (Amazonas), responderam por 12% do desmatamento e da conversão de pastagens no Brasil em 2023.”
“A pecuária é o maior vetor de desmatamento global, mas empresas e instituições financeiras ainda não fazem o suficiente para enfrentá-la”, afirmou McKenzie.
A Global Canopy apresentou dados sobre a centralidade da cadeia bovina no desmatamento brasileiro e global. A exposição ressaltou a necessidade de ampliar parcerias, fortalecer compromissos e promover ações conjuntas entre empresas, instituições financeiras, governos e comunidades.