EUA impõem tarifas a produtos brasileiros por motivos de segurança nacional; 694 itens ficam isentos

EUA impõem tarifas a produtos brasileiros por motivos de segurança nacional; 694 itens ficam isentos
Crédito: Canva

O governo dos Estados Unidos publicou decreto presidencial impondo tarifas a produtos brasileiros, com alíquotas que incluem uma taxa adicional de 40%, com adicionais de 10%, sobre determinados produtos originários do Brasil. A medida entra em vigor a partir das 00h01 (horário de verão da Costa Leste dos EUA) do sétimo dia após a publicação do ato.

A decisão baseia-se em declaração de emergência nacional, com fundamento no International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), no National Emergencies Act (NEA) e em outras legislações norte-americanas. De acordo com o texto do decreto, a ação está relacionada a condutas atribuídas ao governo brasileiro, que, segundo avaliação da Casa Branca, representariam riscos à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.

Entre os fatores citados estão alegações de violações à liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos, medidas judiciais contra empresas dos EUA e episódios envolvendo autoridades brasileiras. O documento também faz menção à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e à atuação do ministro Alexandre de Moraes, apontando tais elementos como relevantes para a deliberação.

Abrangência e exceções

As tarifas serão aplicadas a mercadorias brasileiras destinadas ao consumo nos Estados Unidos, com exceções previstas em duas situações:

      • Produtos abrangidos pelo 50 U.S.C. 1702(b) ou incluídos no Anexo I do decreto;

      • Produtos embarcados antes da entrada em vigor da tarifa e desembaraçados até 5 de outubro de 2025.

    Conforme apurado pela DataPolicy, uma listagem com 694 produtos brasileiros foi publicada em anexo e permanece isenta da tarifa adicional. Os itens estão classificados por sub-rubricas tarifárias de oito dígitos e incluem categorias como aeronaves civis e seus componentes, silício metálico, ferro-gusa, alumina de grau metalúrgico, estanho bruto, celulose, metais preciosos, produtos energéticos e fertilizantes.

    Para que a isenção seja válida, é necessário que os produtos estejam corretamente classificados de acordo com a Harmonized Tariff Schedule of the United States (HTSUS) e observem as Notas Gerais do sistema tarifário norte-americano.

    Aplicação e monitoramento

    Segundo o decreto, produtos sujeitos à nova tarifa que ingressem em zonas de comércio estrangeiro nos Estados Unidos deverão ser registrados com “status estrangeiro privilegiado”, conforme o regulamento 19 CFR 146.41.

    A agência Customs and Border Protection (CBP) foi encarregada de adotar as medidas necessárias para implementar a tarifa. O texto estabelece ainda que retaliações comerciais por parte do Brasil poderão resultar em aumentos tarifários adicionais. Por outro lado, medidas corretivas do governo brasileiro poderão motivar a redução ou alteração da tarifa.

    A supervisão da situação ficará a cargo do Secretário de Estado norte-americano, que poderá recomendar ações complementares em articulação com outros órgãos do Executivo. Relatórios periódicos e finais sobre a emergência declarada e as medidas adotadas deverão ser encaminhados ao Congresso dos Estados Unidos, conforme prevê a legislação aplicável.

    A implementação do decreto está condicionada à disponibilidade orçamentária e, segundo o próprio texto, não gera direitos legais privados contra o governo dos Estados Unidos.

    Dados e informações públicas de qualidade. Foque no que importa.
    Oferecemos as informações e dados públicos que você precisa para tomar decisões estratégicas.

    Linha do tempo – Medidas tarifárias dos EUA em 2025

        • 1º de fevereiro de 2025
          Trump assina ordens executivas impondo tarifa de 25% sobre praticamente todas as importações do México e Canadá (com exceção da energia canadense, tarifada em 10%) e tarifa adicional de 10% sobre importações da China.

        • 4 de fevereiro de 2025
          As tarifas entram em vigor às 12h01 (horário ET). Em resposta, a China impõe tarifas de 15% sobre carvão e gás natural dos Estados Unidos.

        • 12 de março de 2025
          Entram em vigor tarifas globais de 25% sobre aço e alumínio, aplicadas a todos os países.

        • 2 de abril de 2025 – “Dia da Libertação”
          Trump anuncia tarifa universal de 10% sobre todas as importações, com adicionais “recíprocos” variando de 11% a 50%, conforme o país.
              • 5 de abril: a tarifa básica entra em vigor.

              • 9 de abril: estava prevista a aplicação das tarifas recíprocas, que foi suspensa por 90 dias para todos os países, exceto a China.

          • 3 de abril de 2025
            Entra em vigor tarifa de 25% sobre automóveis importados, com aplicação integral prevista até maio.

          • 14 de maio de 2025
            As tarifas sobre a China são reduzidas, de patamares de até 145% para cerca de 35%, em meio a negociações comerciais e novos acordos de acesso a mercado.

          • 28 de maio de 2025
            A Corte de Comércio Internacional dos EUA decide que os decretos do “Dia da Libertação” extrapolam os poderes presidenciais previstos na IEEPA. As tarifas são bloqueadas permanentemente.

          • 7 de julho de 2025
            Novo decreto prorroga a vigência de algumas tarifas recíprocas até 1º de agosto (inicialmente previstas para expirar em 9 de julho). O governo também notifica países sobre novos níveis tarifários como forma de ultimato.

          • 30 de julho de 2025
            Trump anuncia novas medidas com vigência a partir de 1º de agosto:
                • Tarifa de 25% sobre produtos da Índia;

                • Sanções adicionais relacionadas a compras de petróleo russo;

                • Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em setores específicos;

                • Início de negociações com Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Indonésia sobre acordos tarifários.
                • EUA impõem tarifas a produtos brasileiros por motivos de segurança nacional. A medida estabelece tarifa adicional de 40%, com adicionais de 10%, sobre determinadas mercadorias. Um total de 694 produtos brasileiros foi listado como isento da nova taxação.

          Compartilhe

          Lorem ipsum dolor sit amet, consectetur adipiscing elit. Ut elit tellus, luctus nec ullamcorper mattis, pulvinar dapibus leo.