O governo dos Estados Unidos publicou decreto presidencial impondo tarifas a produtos brasileiros, com alíquotas que incluem uma taxa adicional de 40%, com adicionais de 10%, sobre determinados produtos originários do Brasil. A medida entra em vigor a partir das 00h01 (horário de verão da Costa Leste dos EUA) do sétimo dia após a publicação do ato.
A decisão baseia-se em declaração de emergência nacional, com fundamento no International Emergency Economic Powers Act (IEEPA), no National Emergencies Act (NEA) e em outras legislações norte-americanas. De acordo com o texto do decreto, a ação está relacionada a condutas atribuídas ao governo brasileiro, que, segundo avaliação da Casa Branca, representariam riscos à segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos.
Entre os fatores citados estão alegações de violações à liberdade de expressão de cidadãos norte-americanos, medidas judiciais contra empresas dos EUA e episódios envolvendo autoridades brasileiras. O documento também faz menção à situação do ex-presidente Jair Bolsonaro e à atuação do ministro Alexandre de Moraes, apontando tais elementos como relevantes para a deliberação.
Abrangência e exceções
As tarifas serão aplicadas a mercadorias brasileiras destinadas ao consumo nos Estados Unidos, com exceções previstas em duas situações:
- Produtos abrangidos pelo 50 U.S.C. 1702(b) ou incluídos no Anexo I do decreto;
- Produtos embarcados antes da entrada em vigor da tarifa e desembaraçados até 5 de outubro de 2025.
Conforme apurado pela DataPolicy, uma listagem com 694 produtos brasileiros foi publicada em anexo e permanece isenta da tarifa adicional. Os itens estão classificados por sub-rubricas tarifárias de oito dígitos e incluem categorias como aeronaves civis e seus componentes, silício metálico, ferro-gusa, alumina de grau metalúrgico, estanho bruto, celulose, metais preciosos, produtos energéticos e fertilizantes.
Para que a isenção seja válida, é necessário que os produtos estejam corretamente classificados de acordo com a Harmonized Tariff Schedule of the United States (HTSUS) e observem as Notas Gerais do sistema tarifário norte-americano.
Aplicação e monitoramento
Segundo o decreto, produtos sujeitos à nova tarifa que ingressem em zonas de comércio estrangeiro nos Estados Unidos deverão ser registrados com “status estrangeiro privilegiado”, conforme o regulamento 19 CFR 146.41.
A agência Customs and Border Protection (CBP) foi encarregada de adotar as medidas necessárias para implementar a tarifa. O texto estabelece ainda que retaliações comerciais por parte do Brasil poderão resultar em aumentos tarifários adicionais. Por outro lado, medidas corretivas do governo brasileiro poderão motivar a redução ou alteração da tarifa.
A supervisão da situação ficará a cargo do Secretário de Estado norte-americano, que poderá recomendar ações complementares em articulação com outros órgãos do Executivo. Relatórios periódicos e finais sobre a emergência declarada e as medidas adotadas deverão ser encaminhados ao Congresso dos Estados Unidos, conforme prevê a legislação aplicável.
A implementação do decreto está condicionada à disponibilidade orçamentária e, segundo o próprio texto, não gera direitos legais privados contra o governo dos Estados Unidos.
Linha do tempo – Medidas tarifárias dos EUA em 2025
- 1º de fevereiro de 2025
Trump assina ordens executivas impondo tarifa de 25% sobre praticamente todas as importações do México e Canadá (com exceção da energia canadense, tarifada em 10%) e tarifa adicional de 10% sobre importações da China.
- 1º de fevereiro de 2025
- 4 de fevereiro de 2025
As tarifas entram em vigor às 12h01 (horário ET). Em resposta, a China impõe tarifas de 15% sobre carvão e gás natural dos Estados Unidos.
- 4 de fevereiro de 2025
- 12 de março de 2025
Entram em vigor tarifas globais de 25% sobre aço e alumínio, aplicadas a todos os países.
- 12 de março de 2025
- 2 de abril de 2025 – “Dia da Libertação”
Trump anuncia tarifa universal de 10% sobre todas as importações, com adicionais “recíprocos” variando de 11% a 50%, conforme o país.- 5 de abril: a tarifa básica entra em vigor.
- 9 de abril: estava prevista a aplicação das tarifas recíprocas, que foi suspensa por 90 dias para todos os países, exceto a China.
- 2 de abril de 2025 – “Dia da Libertação”
- 3 de abril de 2025
Entra em vigor tarifa de 25% sobre automóveis importados, com aplicação integral prevista até maio.
- 3 de abril de 2025
- 14 de maio de 2025
As tarifas sobre a China são reduzidas, de patamares de até 145% para cerca de 35%, em meio a negociações comerciais e novos acordos de acesso a mercado.
- 14 de maio de 2025
- 28 de maio de 2025
A Corte de Comércio Internacional dos EUA decide que os decretos do “Dia da Libertação” extrapolam os poderes presidenciais previstos na IEEPA. As tarifas são bloqueadas permanentemente.
- 28 de maio de 2025
- 7 de julho de 2025
Novo decreto prorroga a vigência de algumas tarifas recíprocas até 1º de agosto (inicialmente previstas para expirar em 9 de julho). O governo também notifica países sobre novos níveis tarifários como forma de ultimato.
- 7 de julho de 2025
- 30 de julho de 2025
Trump anuncia novas medidas com vigência a partir de 1º de agosto:- Tarifa de 25% sobre produtos da Índia;
- Sanções adicionais relacionadas a compras de petróleo russo;
- Tarifa de 50% sobre produtos brasileiros em setores específicos;
- Início de negociações com Japão, Coreia do Sul, Filipinas e Indonésia sobre acordos tarifários.
- EUA impõem tarifas a produtos brasileiros por motivos de segurança nacional. A medida estabelece tarifa adicional de 40%, com adicionais de 10%, sobre determinadas mercadorias. Um total de 694 produtos brasileiros foi listado como isento da nova taxação.
- 30 de julho de 2025