Em uma reunião extraordinária da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado, realizada ontem, 19 de março de 2025, o Ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Carlos Henrique Baqueta Fávaro, destacou as ações prioritárias para o setor agropecuário brasileiro nos próximos dois anos. O encontro teve como objetivo discutir as metas e programas do Ministério para 2025 e 2026, em um cenário desafiador marcado pelas mudanças climáticas e a necessidade de inovação tecnológica no campo.
Adaptação Climática do Setor Agropecuário
Fávaro iniciou sua apresentação destacando a urgência em adaptar o Brasil às mudanças climáticas, com ênfase na reestruturação do Instituto Nacional de Meteorologia (INIMET). O Ministro anunciou planos para modernizar as estações meteorológicas, com o objetivo de melhorar as previsões climáticas e apoiar políticas públicas como o seguro rural e o crédito agrícola. Segundo o Ministro, o Brasil passará a contar com mais de mil estações meteorológicas digitais, um avanço crucial para a agricultura nacional.
“As mudanças climáticas chegaram para ficar, e uma das ações mais urgentes que estamos implementando é a modernização do INIMET. A previsão climática precisa ser uma ferramenta não só para a previsão de tempo, mas para a execução de políticas públicas, como o seguro rural e o zoneamento agrícola. Precisamos garantir que os nossos produtores tenham a informação correta para tomar decisões estratégicas e enfrentar os desafios climáticos de forma mais eficiente.” falou o Ministro Carlos Fávaro.
Outro ponto central na agenda do Ministério para 2025 é a preparação para a COP 30, que será realizada no Brasil. Fávaro reforçou a importância de apresentar a agropecuária brasileira como um modelo de sustentabilidade, com programas como a Plataforma Agro Brasil Mais Sustentável e a recuperação de pastagens degradadas. A participação ativa do setor no evento internacional, afirmou o Ministro, será essencial para garantir que o Brasil mantenha sua posição de liderança na produção agrícola sem comprometer sua política ambiental.
“A COP 30 representa uma oportunidade única para o Brasil mostrar ao mundo como estamos avançando na produção sustentável. Nosso objetivo é garantir que a agropecuária brasileira seja vista não como vilã, mas como exemplo de boas práticas. Criamos a Zona Agrícola Sustentável em Belém, que será um ponto de integração durante a COP, onde vamos apresentar a ciência, a tecnologia e os modelos produtivos responsáveis que permitem ao Brasil crescer sem desmatamento, contribuindo para a preservação do meio ambiente e a segurança alimentar global.” disse.
Uma das iniciativas mais ambiciosas apresentadas pelo Ministro foi o EcoInvest, um programa estruturado para fomentar a recuperação de pastagens degradadas e impulsionar a sustentabilidade no setor agropecuário. Fávaro explicou que o EcoInvest visa recuperar áreas de pastagem degradadas em todo o país, com um foco especial em biomas sensíveis.
O programa contará com um orçamento robusto, com recursos que já foram disponibilizados, incluindo um leilão de R$ 8 bilhões através do Tesouro Nacional, com a expectativa de impactar diretamente a produtividade agrícola e garantir uma recuperação significativa do solo. A parceria com o JICA, a agência de cooperação internacional do Japão, também foi destacada, com um financiamento de até US$ 1 bilhão, que será alocado na recuperação de 40 milhões de hectares de pastagens, fortalecendo ainda mais o compromisso do Brasil com a agricultura sustentável.
Outras Prioridades para o Setor Agropecuário em 2025
A Embrapa, uma das principais referências em pesquisa agropecuária mundial, também foi mencionada por Fávaro como um pilar essencial para os avanços do setor. O Ministro destacou que, embora a Embrapa tenha sido fundamental para o Brasil deixar de ser importador de alimentos para se tornar um dos maiores exportadores do mundo, ela precisa se modernizar para os próximos 50 anos. Ele falou sobre a implementação de um novo modelo de governança e a criação de um núcleo de inovação tecnológica, que visa conectar a Embrapa com a iniciativa privada e garantir que o conhecimento gerado seja utilizado para o avanço da pesquisa no campo. Além disso, Fávaro mencionou o fortalecimento das relações da Embrapa com o setor público, destacando o apoio financeiro do governo para suas pesquisas e a relevância de continuar investindo na modernização da infraestrutura de pesquisa para que o Brasil permaneça competitivo no cenário global.
Em relação à modernização do sistema agropecuário, Fávaro também anunciou a digitalização de processos importantes, como a emissão de certificados fitossanitários, que até recentemente eram feitos de forma analógica. O novo sistema eletrônico tem o objetivo de reduzir a burocracia, aumentar a eficiência e facilitar o comércio exterior de produtos agropecuários brasileiros. Além disso, o Ministro apresentou avanços no sistema de rastreamento bovino, que permitirá maior controle sobre a procedência da carne produzida no país, com impacto direto na abertura de novos mercados internacionais.
A modernização do seguro rural também foi destacada como uma prioridade para 2025. Fávaro anunciou a realização de um Congresso Internacional sobre o tema, em abril de 2025, com o objetivo de discutir novas tecnologias e modelos para ampliar a cobertura do seguro agrícola no Brasil, um setor fundamental para garantir a segurança financeira dos produtores rurais em caso de adversidades climáticas.
Outro aspecto importante da agenda do Ministro foi a abertura de novos mercados para os produtos brasileiros. O Brasil alcançou um recorde de 344 novos mercados internacionais nos últimos dois anos, um feito considerado estratégico para o fortalecimento da posição do país como “supermercado do mundo”. Fávaro também detalhou ações em parceria com a Embrapa e o setor privado para promover a inovação no campo, visando aumentar a competitividade do agronegócio brasileiro.
O Ministro finalizou sua fala destacando o compromisso do governo com a modernização do sistema agropecuário e com a sustentabilidade, ao mesmo tempo em que reafirmou a importância de manter a soberania nacional e a reputação do Brasil no cenário internacional, especialmente em relação às críticas ao setor agropecuário brasileiro em eventos internacionais como a COP 30.
A reunião contou com a presença de senadores, deputados e representantes do setor agropecuário, que expressaram seu apoio às medidas propostas e discutiram formas de contribuir para o avanço das políticas públicas no setor. Além disso, o Ministro da Pesca e Aquicultura, André de Paula, também fez uso da palavra, destacando as ações previstas para o setor pesqueiro e suas contribuições para o fortalecimento da cadeia produtiva brasileira.