Disney Barroca, Diretor Executivo da DEME Brasil, destacou em entrevista no evento Ordem do Dia: Dragagem, realizado pelo Instituto Brasileiro de Infraestrutura em 1º de outubro, os principais desafios enfrentados pelo setor de dragagem no Brasil, apontando soluções para superá-los.
Ele ressaltou que o alto custo das operações decorre de fatores estruturais, como a ausência de dragas de grande porte no país, o que obriga à importação de equipamentos. Além disso, a má estruturação de contratos públicos transfere riscos às empresas contratadas, encarecendo os projetos. Outro ponto crítico é a desconexão entre os índices usados nas licitações, como IPCA, e a realidade cambial, já que a dragagem possui custos dolarizados.
Como solução, Barroca sugeriu o modelo de concessão, que traz maior previsibilidade e equilíbrio contratual, exemplificado no Porto de Paranaguá. Nesse caso, revisões tarifárias dolarizadas e mecanismos de reequilíbrio contratual permitem reduzir riscos e aumentar a competitividade das empresas. Ele também enfatizou que a concessão gera incentivos positivos, já que o sucesso do porto se torna essencial para a sustentabilidade do concessionário.
“O preço seria menor, se a matriz de risco fosse mais adequada, ou se o agente público, dentro de um processo melhor, de planejamento, efetivamente fizesse os estudos necessários para poder fazer uma contratação bem realizada.” Disney Barroca. Diretor Executivo da DEME Brasil
Para as hidrovias, como o Rio Madeira, ele destacou os desafios adicionais, como a incerteza na navegabilidade e a concorrência com outros modais de transporte. Nesses casos, o uso de Parcerias Público-Privadas (PPPs) com subsídios foi apontado como uma alternativa eficaz para atrair investidores e viabilizar os projetos. Barroca defendeu a coexistência de concessões e programas governamentais, como o PAC, para atender às diferentes demandas do setor.
Ele concluiu reforçando a necessidade de modernizar o arcabouço jurídico, estruturar melhor os contratos e adotar modelos flexíveis que equilibrem interesses públicos e privados. Assim, o Brasil pode transformar sua infraestrutura logística em um motor de desenvolvimento sustentável, melhorando a eficiência e reduzindo os custos das operações de dragagem.